No dia 20 de fevereiro de 2022 a Pastoral do Povo de Rua completa 10 anos de fundação na Arquidiocese de Florianópolis. Ao longo desta década de atuação muitas pessoas foram alcançadas pelas ações realizadas pela pastoral. Muitas vidas foram transformadas. A seguir trazemos o testemunho de Evânia Cunha, que fez parte da fundação da pastoral na Arquidiocese e se tornou a primeira sua primeira coordenadora. Confira:
“Minha trajetória com a pastoral do Povo de Rua iniciou em 2013 com o desejo ardente de transformação de um cenário triste de exclusão, preconceito e abandono em plena praça da minha comunidade. Neste mesmo ano, conheci o grupo da pastoral Nacional que trazia para a Arquidiocese as discussões sobre as políticas públicas para esta população e os trabalhos voluntários nas paróquias. Iniciamos com um pequeno grupo com a escuta e acolhida da vida de cada um, na Paróquia São João Evangelista, em Biguaçu, através de distribuição de alimentos e com encontros semanais em uma das salas da ação social. A partir daí, as relações de confiança e reciprocidade foram acontecendo, então surgiram mais agentes e mais parcerias. Também outras instituições foram se chegando na busca de ações efetivas, articulação de espaços comunitários estimulando o resgate da autoestima, os estudos sobre o que tínhamos de políticas na região e os locais onde exatamente nada era feito em prol dos irmãos em situação de rua.
A pastoral do Povo de Rua é parte da minha vida! Lembro exatamente de cada rosto agradecido ao me aproximar, simplesmente por olhar no olho. Quando encontro hoje, após tantos anos, pessoas que lembram do meu bom dia quando adentraram aquela salinha de atendimento pela primeira vez, pessoas que eram da rua e hoje preparam alimentos para outros que ainda se encontram nas ruas me sinto realizada.
Atualmente tenho amigos que ainda moram nas ruas e fazem questão de estar conosco. Eles relatam em seus depoimentos sobre o que é ser humilhado e julgado simplesmente por estar deitado em um papelão e não ter para onde ir, pessoas que frequentam os espaços onde nunca imaginavam chegar, expulsos porque estavam sujos, embriagados e com muita fome. Estes são os meus motivos para que eu continue na luta. Ainda temos muito o que buscar, quando se trata de vida plena para todos.
Quanto ao trabalho Arquidiocesano
Não precisa ir longe para colher tantos frutos vindos deste trabalho, muitas mãos construíram o que chamamos de Pastoral do Povo de Rua. Vencendo os desafios e realizando os encontros e partilhas através de lutas diárias. Trago o que sinto e aprendo durante todos estes anos de vivências e experiências com a pastoral “Se eu gastasse todos os meus bens no sustento dos pobres e até me entregasse como escravo, para me gloriar, mas não tivesse amor, de nada me aproveitaria, eu nada seria” cf 1Cor 13, 1-13.
Parabenizo a Arquidiocese de Florianópolis na pessoa do nosso Arcebispo, Dom Wilson, por instituir a Pastoral do Povo de Rua como Pastoral Social e a cada agente de pastoral que acredita que a presença da comunidade em todas as vidas onde quer que elas estejam, fazendo toda a diferença na luta pela sobrevivência, ainda mais em tempos de pandemia!!
“A rua não é lugar para morar, muito menos para morrer!” Papa Francisco
Desejo de Jesus, vida plena para todos!