Na última sexta-feira (24), Santa Catarina comemorou o Dia do Rio (Lei 13.748/2006). Para marcar a data e reforçar a preocupação com a preservação dos recursos hídricos no estado, foi realizado na manhã de quinta-feira (23), na Assembleia Legislativa, o Seminário Bioma Mata Atlântica e Água em Santa Catarina. O evento também marcou o lançamento do Projeto Rios em Florianópolis e abriu a programação de atividades que se estenderam até sábado (25) na capital.
Com a presença do deputado Padre Pedro Baldissera (PT), presidente do Fórum de Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais e membro da Comissão de Turismo e Meio Ambiente, além do vereador de Florianópolis, Marcos José de Abreu (PSOL), do presidente da Fatma, Alexandre Waltrick Rates, do Arcebispo Wilson Tadeu Jönck e demais especialistas no assunto, o seminário debateu meios práticos e científicos da relação entre o bioma mata atlântica e a água no estado.
Para tratar do tema, o professor e doutor da UFSC, Ademir Reis, ministrou uma palestra trazendo informações e práticas de preservação ambiental. “A água é um recurso essencial pra vida terrestre. Temos que criar consciência e trabalhar, órgãos públicos e população, para recuperarmos muito do que já foi prejudicado”, afirmou Reis.
Em Santa Catarina, menos de 18% do esgoto é tratado e grande parte dos cursos de água apresentam grave contaminação. No verão de 2016, o esgoto do Rio do Brás, em Canasvieiras, chegou ao mar e deixou a praia imprópria para banho. Em setembro deste ano, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) foi condenada pela Justiça Federal a despoluir e a recuperar a foz do rio e as águas da praia.
Projeto Rios
Implementado na França, Portugal e Espanha há mais de 10 anos, o Projeto Rios tem como base o envolvimento voluntário da sociedade no diagnóstico, recuperação, fiscalização e preservação dos rios. Para desenvolver o projeto em Santa Catarina, espera-se o envolvimento e mobilização de grupos e comunidades com o objetivo de retomar as condições naturais de cada manancial hídrico. Entre as atividades propostas, visitas aos rios para coleta de amostras e avaliação de ameaças, formação de monitores, ações de limpeza e conservação, além de trabalhos de conscientização de crianças e jovens.
“É um momento ímpar da nossa caminhada porque, juntamente com a Regional Sul da Conferência Nacional dos Bispos no Brasil, tem se inspirado no projeto Rios, pioneiro na Espanha, depois dos desdobramentos na França e Portugal, que trata dessa relação que se estabelece com o rio, a partir de voluntários, pessoas que percebem a necessidade profunda de se construir uma aproximação e um cuidado com a água. Então nós queremos fazer essa experiência acontecer também em Santa Catarina. Hoje, aqui em Florianópolis, estamos organizando esse trabalho todo com várias lideranças para que sirvam como multiplicadores e que a gente ainda possa levar esse trabalho para todos os municípios do nosso estado”, afirmou Padre Pedro.
Demais atividades
Foram realizadas outras atividades, como a apresentação do plano estadual de recursos hídricos, com o professor doutor Márcio Cardoso, uma oficina do projeto, com os painelistas Aline Luiza Tomazi, Isadora Zinnke, Tiago Manenti Martins e William Wollinger Brenuvida, além de debates e encaminhamentos. Às 15h30 de sábado, na Praia do Campeche, na região do Riozinho, foi realizada uma oficina de aprendizagem de práticas e métodos de avaliação da qualidade da água, além de informações sobre como organizar o projeto em cada comunidade.
Entrevistas com:
– deputado Pe. Pedro Baldissera (PT), presidente do Fórum para a Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais;
– arcebispo Wilson Tadeu Jonck
Com a colaboração de Carolina Lpés/Agência AL
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