
O Brasil tem hoje uma população indígena estimada em 1,7 milhão de pessoas, espalhadas por 4.800 municípios. A maioria vive na região da Amazônia Legal. Em Santa Catarina, de acordo com o Censo 2022 do IBGE, vivem 21.541 indígenas, o que coloca o estado na 17ª posição nacional em número de indígenas.
Essas populações estão organizadas em 3.019 famílias, distribuídas em 28 terras indígenas, 57 aldeias e 20 municípios catarinenses. Os povos Guarani, Xokleng e Kaingang são os principais representantes indígenas no estado. Cada povo ocupa regiões específicas: os Guarani estão presentes, em sua maioria, no litoral; os Xokleng vivem exclusivamente na Terra Indígena Laklãnõ, no Alto Vale do Itajaí; e os Kaingang habitam quatro terras indígenas no oeste catarinense.
Na Arquidiocese de Florianópolis, há 15 aldeias indígenas distribuídas entre os municípios de Palhoça, Biguaçu, Major Gercino e Canelinha, somando 1061 pessoas, conforme levantamento do Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPI):
População | Pessoas | Municípios |
Pirá Rupã | 53 | Palhoça |
Itaty | 150 | Palhoça |
Yakã Porã | 30 | Palhoça |
Cambirela | 12 | Palhoça |
Praia de Fora (urbano) | 40 | Palhoça |
Praia de Fora (rural) | 36 | Palhoça |
M, Biguaçu | 148 | Biguaçu |
Mymba Roka | 60 | Biguaçu |
Itanha’é | 93 | Biguaçu |
Amâncio | 35 | Biguaçu |
Kuri’Y | 105 | Biguaçu |
Itanhaem | 84 | Biguaçu |
Teko’a Wy’a | 89 | Major Gercino |
Tekoá Vy’ A Porã | 92 | Major Gercino |
Tawa’i | 34 | Canelinha |
Total | 1.061 | 4 municípios |
Fonte: Conselho Estadual dos Povos Indígenas – CEPln em entrevistas com lideranças indígenas (2020), Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI e Fundação Nacional do Índio – UNAI.
Cultura, espiritualidade e luta por direitos

Essas comunidades mantêm vivas suas tradições culturais, como os rituais de reza e canto, as pinturas corporais e a produção de artesanato — principalmente cestarias e colares — que também são fonte de sustento. São reconhecidas ainda por seu papel na preservação da Mata Atlântica, essencial para sua sobrevivência e para o equilíbrio ambiental da região.
Os Guarani Nhandeva, por exemplo, que vivem em Major Gercino e Canelinha, têm uma forte ligação com o rio Tijucas, onde desenvolvem a pesca como principal atividade econômica. Em Florianópolis, cerca de 70 famílias indígenas oriundas do Rio Grande do Sul estão atualmente ocupando um antigo terminal urbano desativado, onde buscam vender seus artesanatos. No entanto, enfrentam dificuldades com a falta de infraestrutura adequada, o que já motivou diversas intervenções do Ministério Público para que a Prefeitura providencie uma Casa de Passagem que garanta acolhimento e segurança para essas famílias.
Dificuldades em tempos de frio
O cenário se agrava com a chegada do inverno. Crianças ficam sem roupas adequadas para o frio e as famílias, especialmente nas aldeias mais distantes da área urbana, como em Palhoça e Major Gercino, enfrentam dificuldades para conseguir cobertores e calçados apropriados. As chuvas e os ventos frequentes em Florianópolis ainda causam perdas materiais entre os indígenas que vivem na ocupação urbana, comprometendo seu sustento.
Diante dessa realidade, a Ação Social Arquidiocesana (ASA) lançou uma campanha solidária com o objetivo de arrecadar cobertores, roupas de inverno para crianças e sapatos fechados (como tênis e botas). A mobilização busca levar mais conforto e dignidade às famílias indígenas neste período de baixas temperaturas.
Quem quiser contribuir pode entrar em contato com a ASA pelo WhatsApp (48) 3224-8776 ou pelo Instagram: @asafloripa.