Na quinta-feira (20/06), a Ação Social Arquidiocesana realizou o Encontro de Formação na Doutrina Social da Igreja, sob a perspectiva do Papa Francisco. O curso, ministrado pelo padre Vilson Groh, teve lugar no Recanto Silvestre, em Biguaçu.
Participaram do evento cerca de 20 membros de acões, pastorais e entidades sociais que buscaram aprofundar seus conhecimentos no tema. Na primeira parte do curso, o foco esteve no “chão do Papa Francisco”, ou seja, seu contexto histórico e visão eclesial desde seu período como sacerdote jesuíta até sua atuação como arcebispo de Buenos Aires. Padre Vilson enfatizou o humanismo e o desejo profundo de Francisco em encarnar-se nas dores e alegrias do povo, fator relevante nos documentos das Conferências Episcopais de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida que construíram uma eclesiologia latino-americana e de uma teologia voltada para os que sofrem, e se tornou a forma de Francisco atuar em toda sua vida pastoral: “O chão do Papa Francisco é latino americano e ensopado nessa realidade da desigualdade social. E é com os pés nesse chão que ele se insere na realidade do povo, pois ouve seus gritos”, destacou o sacerdote.
Também foi citado a definição do pontífice sobre ser “Igreja em saída”, e buscar sarar as feridas mais urgentes, como um hospital de campanha, assim citado pelo próprio Francisco em 2022, numa audiência a membros da Fundação AVSI para o Projeto ‘Hospitais Abertos na Síria’. “A Igreja é um lugar de acolhimento, que não destrói, mas recebe a todos. Essa acolhida amorosa faz as pessoas se construírem e as traz de volta ao caminho do Amor” ressalta padre Vilson.
Outra característica da personalidade de Francisco que está inserida em sua vida pastoral e como ele vê que a Igreja deveria ser hoje é ter gestos de amor e proximidade. Padre Vilson conta que “Francisco é um homem do gesto. Ele falou para nós, presbíteros, em 2013, que nossa missão é ter o cheiro do povo, não o cheiro do carro fechado. Andar a pé, conhecer a cidade, junto às pessoas, para conhecê-las e amá-las”.
Encíclica Evangelii Gaudium
Na segunda parte do curso, padre Vilson abordou com os participantes a essência da Encíclica Evangelii Gaudium, escrita no início do pontificado de Francisco. Durante a palestra, foi dada ênfase à atuação das pastorais sociais nas “periferias materiais e existenciais” da sociedade atual. “A Pastoral Social é a porta de esperança dos mais pobres”, afirmou o padre, destacando a necessidade de estar próximo das realidades do povo, de entender seu sofrimento e de buscar, através da participação em fóruns e conselhos, nas atividades sociais e nas cobranças frente aos gestores públicos, soluções para suas necessidades.
Partilha
O evento foi concluído com um momento de partilha das experiências dos participantes. Carmen Mary de Souza Souto, membro da Ação Social da Santíssima Trindade, comentou: “O curso me ensinou muito e me fez voltar ao passado, renovando as forças para seguir atuando onde estou. Devemos continuar a caminhada como igreja em saída, buscando a formação e a participação nas políticas públicas e na promoção dos Direitos Humanos.”
Para Simone de Jesus, Assistente Social da ASA essa formação contribui para o fortalecimento da identidade das pastorais, ações sociais e entidades.
O diácono José Cloves da Silva, coordenador da Pastoral Social de Santo Amaro da Imperatriz falou: Sobre a formação o que posso dizer que foi além do esperado, tema importante para nosso conhecimento na caminhada pastoral, “Doutrina Social da Igreja”, conversa a partir dos documentos: EVANGELLI GAUDIUM, AMORIS LATITIA E LAUDATO SI, e também de parte da experiência vivida pelo Pe. Vilson Groh, nosso assessor do dia, que doou sem reservas parte do seu conhecimento adquiridos ao longo de muitos anos experiência vivida, uma verdadeira formação, que ensinou a ter esperança e coragem para seguir caminhando de cabeça erguida, olhos aberto, para as realidades do nosso tempo.
O momento proporcionou a refletir, sentir e compreender, a importância de como fazer e o que fazer pelo o outro. Aprendi que: a semente deve se apenas semeada na terra e a própria terra dia e noite se encarrega de gerar vida e produzir frutos, que será colhido por alguém no tempo de Deus.
Compartilho minha alegria de ter participado de uma formação que sacode com força natural na medida certa, sem agressão, ouvi alguém que falou com autoridade, algo que vem da alma, que brota do coração mostrando que quando alguém quer tem jeito, isso motiva, contribui e mostra o caminho da responsabilidade a qual deve ser trilhado mesmo nas dificuldades. Essa formação trouxe esperança, motivação, ânimo para continuar a caminhada, dia de graça gratidão e aprendizado, conclui.
Instituto Kairós
O encontro também contou com a presença do padre Luiz Prim, coordenador do Instituto Kairós, que oferece tratamento para dependentes químicos, e da Pastoral da Sobriedade na Arquidiocese. Durante sua fala, ele detalhou a estrutura da instituição e ressaltou a importância de uma abordagem pastoral para a questão das drogas.
Veja as fotos do Encontro no álbum do Flickr.