
A Pastoral do Povo de Rua (PPR) de Biguaçu tem desempenhado um papel fundamental na vida das pessoas em situação de rua. Composta por 25 voluntários, sendo 9 homens e 16 mulheres, a Pastoral busca humanizar a vida dessas pessoas e promover políticas estruturantes que garantam direitos fundamentais, com destaque para o acesso à moradia.
Diante do crescimento da exclusão econômica e da desigualdade social, a PPR surgiu como uma resposta cristã e solidária a essa realidade. Desde sua fundação, em março de 2013, a Pastoral tem atuado diretamente na oferta de acolhimento, alimentação, banho e apoio na busca por direitos.
O início da missão

A iniciativa nasceu da inquietação de um grupo sensibilizado pelo sofrimento das pessoas em situação de rua. No início, as ações eram simples: um olhar atencioso, um convite para um lanche e um banho. Com o tempo, a Pastoral percebeu a necessidade de conhecer melhor a Política Nacional para essa população e a precariedade dos serviços municipais disponíveis.
As reuniões semanais na paróquia fortaleceram laços comunitários, permitindo que cada pessoa fosse chamada pelo nome e ouvida. Além de prestar assistência, o trabalho da PPR busca incentivar a autonomia dos atendidos.
Impacto e conquistas
Graças à mobilização social, algumas políticas públicas foram estruturadas, como o Centro Pop, a Abordagem Social, o CREAS e o Consultório de Rua. Embora ainda insuficientes, esses serviços passaram a ser acessados por quem precisa.
A moradia digna é um dos principais focos da Pastoral, pois garante estabilidade e evita a necessidade de internações compulsórias ou expulsões arbitrárias. A experiência da PPR demonstrou que, ao conquistar um teto, muitas pessoas conseguem reorganizar suas vidas, incluindo trabalho, saúde e alimentação. Doze pessoas que saíram das ruas e foram acompanhadas pela Pastoral tiveram suas trajetórias transformadas pelo acesso à moradia.
A fé como fundamento

Inspirada pelo Evangelho, a Pastoral do Povo de Rua segue o ensinamento de Jesus Cristo, que colocou os pobres e oprimidos no centro de sua missão (Lc 4,16-21). A busca por humanização e justiça reflete o ideal de uma “Igreja pobre para os pobres”.
Apesar do encerramento dos atendimentos semanais, devido a novas demandas dos assistidos e voluntários, a missão da Pastoral continua. O apoio àqueles que alcançaram autonomia segue firme, e muitos deles hoje auxiliam outras pessoas na mesma situação. “O cuidado e a formação de uma comunidade solidária permanecem como princípios fundamentais da iniciativa, desempenhando um papel essencial na defesa dos direitos das pessoas em situação de rua”, afirma Evânia Cunha, agente pastoral da PPR.
Uma missão que continua
O trabalho da Pastoral reafirma a importância do compromisso social e cristão na luta por justiça, igualdade e liberdade. Como ensina a Sagrada Escritura: “Onde estiver o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2Cor 3,7).
Para Evânia Cunha, a missão da PPR vai além do acolhimento: “Nossa missão é ser presença e agir para transformar. São demandas de vários setores, inclusive na hora da morte, quando nossos voluntários se empenham para que essas pessoas sejam sepultadas com dignidade”.
